O Que Aconteceria Se a Terra Parasse de Girar?

Explorando os Impactos e Possibilidades de uma Terra Imóvel

Por Isabela Justo | 18/01/2024 | 6 Minutos de leitura

Em um recente artigo publicado pelo Business Insider, o geomorfologista e cientista planetário Joseph Levy nos convida a imaginar um cenário hipotético intrigante: e se a Terra parasse de girar subitamente? As consequências desse evento seriam potencialmente catastróficas, de acordo com o professor da Universidade de Colgate, em Hamilton, nos EUA. Afinal, não estamos lidando com um objeto leve, mas sim com um planeta maciço com uma massa colossal de 5,9 sextilhões de toneladas.

Além de sua incrível massa, é importante lembrar que a Terra gira a uma velocidade surpreendente de 1.674 km/h no sentido oeste-leste, quase o dobro da velocidade de um Boeing 787. Para ilustrar isso, imagine-se caminhando em uma praia ensolarada. Nesse cenário, seu corpo, a areia e o mar estão todos se movendo a essa mesma velocidade, criando uma sensação de calma e tranquilidade. No entanto, se o planeta parasse abruptamente, a primeira consequência, de acordo com a primeira lei da inércia de Newton, seria que você seria lançado para o leste a uma velocidade assustadora de cerca de 1,6 mil quilômetros por hora. Independentemente de onde você aterrasse, seja em terra firme ou no oceano, o impacto provavelmente seria fatal.

 

Os Efeitos de um Travamento na Rotação da Terra

Nesse cataclismo hipotético, você não estaria sozinho em seu destino trágico. Além do impacto devastador nos seres humanos, a paralisação da rotação terrestre também causaria perturbações maciças nos oceanos e afetaria até mesmo os elementos fortemente ancorados ao solo, como árvores e edifícios. Levy nos lembra que os materiais terrestres são resistentes à compressão, mas fracos à tensão. Grande parte da estabilidade dessas estruturas deriva do peso de seus próprios elementos de suporte. No entanto, a força da inércia resultante da parada abrupta da Terra seria tão poderosa que superaria a força de ligação entre os tijolos, levando a desmoronamentos e colapsos generalizados.

Há uma nota de esperança em meio a essa catástrofe imaginária, no entanto. Levy aponta que, se você tivesse a sorte de estar perto dos polos ou tivesse uma afinidade particular com pinguins, suas chances de sobrevivência seriam maiores. Isso ocorre porque a velocidade de rotação é significativamente menor perto dos polos devido ao eixo de rotação mais curto. No entanto, para aproveitar essa vantagem, você teria que estar a aproximadamente 89,9 graus de latitude, o que equivale a cerca de 11 quilômetros dos polos. No entanto, mesmo nesses locais, a parada da rotação resultaria em uma experiência semelhante a um tropeção devido à inércia.

 

E Se a Rotação da Terra Parasse Gradualmente?

Mas, e se a Terra não parasse de girar abruptamente, mas sim de forma gradual? Levy nos lembra que, na natureza, as coisas raramente param instantaneamente. Portanto, uma desaceleração gradual da rotação terrestre é uma perspectiva mais realista e menos catastrófica. No entanto, mesmo nesse cenário, haveria desafios significativos quando o movimento finalmente cessasse por completo.

Para ilustrar esse ponto, Levy faz um exercício mental. Imagine que, em vez de uma parada súbita, a órbita terrestre levasse seis meses para mudar da noite para o dia, em vez das 12 horas habituais. No hemisfério constantemente iluminado, as colheitas sofreriam danos devastadores, e grande parte da água evaporaria devido ao longo período de exposição solar. Por outro lado, a porção da Terra submetida a uma noite de seis meses enfrentaria a morte de plantas e o congelamento da água restante do "dia" anterior. As latitudes mais altas seriam relativamente mais seguras, mas a vida em locais como o Brasil seria desafiadora, exigindo um estilo de vida nômade para seguir a luz do dia e evitar o congelamento, ao mesmo tempo em que se protege da luz solar implacável.

 

Os Riscos Reais de uma Paralisação da Terra

É importante observar que a hipótese de desaceleração na rotação da Terra não é puramente fictícia. Na realidade, esse processo já está ocorrendo gradualmente devido a um fenômeno conhecido como frenagem das marés. Esse fenômeno resulta das interações gravitacionais entre a Terra e a Lua e leva à redução gradual da velocidade de rotação da Terra. No entanto, de acordo com a NASA, o efeito causado pela Lua é infinitesimalmente pequeno, resultando em uma diminuição de apenas 2,3 milissegundos na duração do dia a cada século. Portanto, é altamente improvável que a Lua consiga parar completamente o movimento de rotação da Terra, devido à diferença massiva entre os dois corpos celestes.

Além disso, o momento angular da Terra, que leva em consideração tanto a rotação quanto a translação, torna extremamente improvável que um objeto do espaço possa paralisar nosso planeta de forma significativa, a menos que ocorra uma colisão maciça, que apresentaria problemas muito maiores do que a desaceleração da rotação. Portanto, não há motivo para alarme imediato em relação a uma paralisação da Terra, como a discutida neste artigo.

Em resumo, o mundo não está prestes a parar de girar, como especulado neste cenário hipotético. A probabilidade de tal evento é extremamente baixa, e a ciência nos assegura que nossa rotação continuará como de costume. Então, enquanto desfrutamos de nossa vida cotidiana, podemos brincar com a ideia de segurar bem nosso sorvete, mas não há necessidade de pânico em relação a uma paralisação da Terra.

 

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