O aquecimento global vem causando um impacto alarmante na vida selvagem da Antártica, com os pinguins sendo afetados de maneira particularmente grave. Estudos recentes, baseados em imagens de satélite, mostram que a população de pinguins no oeste da Antártica está sendo dizimada devido à rápida diminuição do gelo marinho, que é fundamental para a sobrevivência e reprodução desses animais.
Segundo um estudo publicado na revista Communications Earth & Environment, o derretimento acelerado do gelo marinho está levando ao afogamento de animais, especialmente os filhotes, nas águas gélidas da região. Os pesquisadores, que têm monitorado as colônias de pinguins na Antártica ao longo dos últimos 15 anos, observaram que os animais podem suportar temperaturas de até -60ºC e se reproduzem no gelo marinho, onde vivem em colônias que chegam a centenas de indivíduos. No entanto, o degelo acelerado observado entre 2016 e 2018 resultou na morte de milhares de pinguins na região, e os dados de 2022, conforme relatado pela Space.com, indicam que a situação piorou ainda mais.
Peter Fretwell, principal autor do estudo, explicou que as alterações climáticas estão afetando diretamente a capacidade de reprodução dos pinguins. “Os pinguins têm um ciclo de reprodução único e se reproduzem no inverno antártico, não no verão. Eles precisam de gelo marinho e precisam que o gelo marinho seja estável entre abril e dezembro, porque quando põe um ovo e o pintinho eclode, o pintinho precisa ter uma plataforma estável para viver”, afirma ele.
Risco de Extinção
Os filhotes de pinguim, cobertos por penas pequenas e macias, são incapazes de nadar e pescar em busca de comida nos primeiros três meses de vida. Durante esse período, eles dependem inteiramente dos pais para alimentá-los e se agrupam no gelo flutuante para se manterem aquecidos enquanto aguardam por comida. No entanto, com a diminuição progressiva do gelo disponível, muitos filhotes acabam se afogando ou congelando até a morte.
As imagens de satélite mostram que todas as colônias no Mar de Bellingshausen, localizado no oeste da Antártica, foram severamente impactadas pelo aquecimento global, resultando na dizimação da população de novos pinguins. No entanto, os pesquisadores alertam que isso é apenas a ponta do iceberg, pois muitas outras espécies animais, menores e menos visíveis, também dependem do gelo marinho para sobreviver e se reproduzir.
Além disso, as projeções climáticas indicam que as temperaturas devem continuar aumentando, o que acarretará impactos ainda maiores nos próximos anos. “Nossos modelos sugerem que, em um cenário em que as mudanças climáticas continuam como estão no momento, perderemos 90% das colônias de pinguins até o final do século”, alerta Fretwell.
O desaparecimento das colônias de pinguins seria um golpe devastador para o ecossistema antártico, sublinhando a necessidade urgente de ações globais para combater as mudanças climáticas e proteger a vida selvagem vulnerável da região.
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