Consumo de Insetos Pode Beneficiar o Metabolismo Humano, Revela Estudo

O Papel dos Insetos na Dieta Humana: Uma Revolução Metabólica à Vista?

Por Isabela Justo | 21/09/2023 | 4 Minutos de leitura

Introdução

O ato de consumir insetos pode soar estranho ou até repugnante para muitas pessoas, especialmente aquelas acostumadas com dietas ocidentais. No entanto, em diversas culturas ao redor do mundo, insetos são componentes comuns na alimentação e são vistos como deliciosas iguarias. Um recente estudo publicado na revista científica Science sugere que essa prática pode, de fato, ter benefícios significativos para a saúde, em particular no que tange ao metabolismo humano.

Detalhes do Estudo

A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade de Washington em St. Louis, nos Estados Unidos, baseou-se em experimentos realizados com camundongos. Os animais foram alimentados com uma dieta rica em quitina, um polissacarídeo abundante em exoesqueletos de insetos, conchas de crustáceos e fungos. A ingestão de quitina levou a uma série de respostas biológicas nos camundongos, incluindo a ativação de células que regulam tecidos adiposos e uma melhoria em seu trato gastrointestinal.

Efeitos Fisiológicos Observados

Os pesquisadores notaram que os camundongos apresentaram um aumento na produção de uma enzima intestinal única chamada AMCase, necessária para a digestão da quitina. Simultaneamente, observaram-se também altos níveis de células linfoides inatas do tipo 2 (ILC2), que são um subproduto da resposta imune do intestino desencadeada pela quitina.

Para solidificar a conexão entre a quitina e a saúde metabólica, o estudo também analisou camundongos que foram geneticamente modificados para serem incapazes de produzir a enzima AMCase. Estes animais mostraram resistência ao ganho de peso, mesmo quando submetidos a uma dieta rica em gordura, apontando para a relevância da quitina na regulação metabólica.

Implicações para Humanos

A quitina parece ser uma exceção interessante no reino animal. Enquanto a maioria dos mamíferos não possui enzimas fortes o suficiente para degradar polissacarídeos complexos, evidências apontam que a quitina pode ser efetivamente digerida. Além disso, estudos paleontológicos sugerem que mamíferos antigos consumiam insetos em taxas muito mais altas do que é observado atualmente.

Os pesquisadores enfatizam que o consumo de insetos pode não apenas ser seguro para humanos, mas também potencialmente benéfico. Os insetos são fontes ricas em nutrientes vitais, como proteínas, e seu consumo poderia favorecer um microbioma intestinal saudável.

Conclusão e Próximos Passos

Os resultados são promissores, mas ainda há a necessidade de estudos mais abrangentes para confirmar os benefícios metabólicos da ingestão de insetos em humanos. O próximo passo para a equipe de pesquisa é, portanto, realizar ensaios clínicos para verificar se as observações em camundongos podem ser replicadas em seres humanos.

O consumo de insetos pode ser muito mais do que uma curiosidade cultural ou uma alternativa sustentável à proteína animal convencional; ele pode realmente possuir propriedades que beneficiam nossa saúde de formas ainda não totalmente compreendidas. Se confirmados em estudos futuros, esses resultados poderiam revolucionar nossa compreensão da dieta humana ideal.

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Isabela Justo


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