Cianobactérias Modificadas: Uma Inovação no Combate à Poluição Aquática

Transformando Vilãs em Aliadas: Cianobactérias na Vanguarda do Combate à Poluição Aquática

Por GestãoTec | 11/09/2023 | 4 Minutos de leitura

A poluição da água é uma das principais preocupações ambientais da atualidade. Associamos frequentemente cianobactérias à poluição da água devido à sua ligação com a proliferação de algas verdes-azuladas. Estas algas, ao se multiplicarem excessivamente, interferem no fluxo de oxigênio em corpos dágua, levando, potencialmente, à morte da fauna aquática.

No entanto, uma inovação emergente da Universidade da Califórnia oferece uma perspectiva diferente sobre essas bactérias. Em um estudo recente, cientistas encontraram uma maneira de transformar estas cianobactérias, antes vistas como vilãs, em aliadas no combate à poluição da água.

O Projeto Pioneiro

O projeto consiste em um material biodegradável impresso em 3D, feito a partir de alginato, um polímero natural derivado de algas. Em sua composição, ele incorpora cianobactérias vivas da espécie Synechococcus elongatus. Essas bactérias, contudo, não são comuns. Elas passaram por uma modificação genética que as permite produzir lactase, uma enzima capaz de decompor substâncias poluentes presentes na água, incluindo antibióticos, resíduos farmacêuticos e corantes.

Este material é impresso em formato semelhante a um waffle, otimizado para manter as cianobactérias perto da superfície. Isso permite que elas acessem oxigênio, nutrientes e luz solar, componentes essenciais para sua sobrevivência, e, claro, os poluentes na água que são o foco da descontaminação.

Durante testes iniciais, o material demonstrou uma eficácia significativa, neutralizando o índigo carmim - um corante tóxico utilizado na indústria têxtil para a produção de jeans, e que muitas vezes é descartado inadequadamente em corpos dágua.

Um Futuro Promissor e Responsável

O compromisso com a sustentabilidade não para por aí. Os cientistas estão cientes de que a introdução de organismos geneticamente modificados em ecossistemas pode ser problemática. Por isso, como parte do processo de modificação genética, foi incorporada nas cianobactérias uma proteína que as autodestrói quando expostas à teofilina, uma substância química natural.

A grande questão é que a teofilina não está presente naturalmente em rios e lagos. Assim, os pesquisadores estão trabalhando para adaptar este mecanismo de modo que as cianobactérias possam ser decompostas de forma segura após cumprirem seu papel despoluidor, garantindo a preservação dos ecossistemas naturais.

Em resumo, a pesquisa da Universidade da Califórnia apresenta uma abordagem inovadora e sustentável para enfrentar a crise da poluição da água. As cianobactérias, antes vilãs, agora desempenham um papel fundamental na esperança de um futuro mais limpo e saudável para nossos corpos dágua.

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