Um Novo Marco na Democracia Digital

TSE regula o uso de IA e proíbe deepfakes nas Eleições 2024

Por Isabela Justo | 29/02/2024 | 6 Minutos de leitura

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil deu um passo significativo em direção à regulamentação do uso de inteligência artificial (IA) e à prevenção de deepfakes durante as Eleições de 2024. Em uma sessão histórica realizada na noite de terça-feira (27), foram aprovadas medidas cruciais que delineiam os direitos e proibições relacionados ao uso dessa tecnologia no processo eleitoral. Sob a liderança do ministro Alexandre de Moraes, atual presidente do TSE, e da ministra Cármen Lúcia, vice-presidente e futura presidente do órgão durante o pleito, todas as 12 resoluções propostas foram aprovadas por unanimidade. As medidas visam garantir a transparência e a veracidade das informações durante a campanha eleitoral, protegendo o processo democrático e evitando a disseminação de conteúdos falsos ou manipulados. Além disso, são destacadas as consequências para aqueles que violarem essas regras, incluindo a possibilidade de cassação do registro ou mandato para os infratores.

 

As Leis que Moldarão o Futuro da Política Digital

De acordo com as novas regulamentações, qualquer conteúdo criado ou editado utilizando IA deve ser devidamente identificado como tal. Isso implica na inserção de um texto ou símbolo que confirme a manipulação digital do material, independentemente da sutileza das modificações realizadas.

Além disso, uma medida crucial é a proibição total do uso de deepfakes com propósitos políticos. Isso significa que candidatos, partidos políticos e eleitores estão proibidos de criar representações falsas em áudio ou vídeo que imitem a voz ou a aparência de outras pessoas, especialmente se isso for utilizado para beneficiar ou prejudicar uma candidatura. A legislação estabelece punições rigorosas, incluindo a possibilidade de cassação do registro ou mandato para aqueles que violarem essas regras de forma flagrante.

Outra disposição importante é a restrição ao uso de chatbots e avatares durante a comunicação da campanha eleitoral. Essa medida visa mitigar a disseminação de informações falsas ou manipuladas, garantindo um ambiente eleitoral mais transparente e justo.

 

Responsabilidade das Redes Sociais na Democracia Digital

As redes sociais desempenham um papel crucial na disseminação de informações durante o período eleitoral. Consciente disso, o TSE estabeleceu que as plataformas digitais têm a responsabilidade de tomar medidas para impedir ou reduzir a circulação de fatos inverídicos ou descontextualizados. Além disso, as próprias redes sociais serão responsabilizadas por conteúdos considerados antidemocráticos ou que promovam discursos de ódio, caso não os removam prontamente.

Uma aliança entre empresas de tecnologia já foi oficializada para combater a desinformação durante as eleições em várias partes do mundo, incluindo os Estados Unidos, onde a escolha do novo presidente ocorre em novembro. No entanto, ainda há desafios práticos em identificar o uso de IA sem a sinalização direta dos usuários que compartilham o conteúdo.

 

O Futuro das Eleições de 2024: Novas Regras, Novos Desafios

As Eleições de 2024 no Brasil serão municipais, envolvendo a escolha de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. O primeiro turno está agendado para 6 de outubro, enquanto o segundo turno, onde aplicável, ocorrerá em 27 de outubro. As novas regulamentações relacionadas à IA serão em breve adicionadas ao site do TSE, juntamente com outras modificações na legislação eleitoral, abrangendo áreas como apoio de artistas, cadastro de pesquisas sobre intenção de voto e prestação de contas dos partidos.

Em meio ao cenário de rápidas mudanças tecnológicas, as novas regras estabelecidas pelo TSE representam um marco crucial na proteção da integridade e transparência do processo eleitoral. No entanto, à medida que a tecnologia continua a evoluir, é essencial que os órgãos reguladores permaneçam vigilantes e adaptem suas abordagens para enfrentar os desafios emergentes na esfera da política digital. A regulamentação eficaz do uso de IA e a prevenção de deepfakes nas eleições são essenciais para garantir a legitimidade e a confiança do eleitorado, fundamentais para a saúde de qualquer democracia.

 

Gostou do conteúdo? Veja mais em:

Foto do Autor

Escrito por:

Isabela Justo

Tags

Você pode ser interessar também