O Brasil é reconhecido globalmente como referência no transplante de órgãos, uma reputação recentemente reforçada pelo transplante de coração realizado no apresentador Fausto Silva no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Contudo, apesar desse status, o país ainda enfrenta significativos desafios logísticos no transporte de órgãos, uma realidade que pode ser transformada com a ajuda de um inovador algoritmo desenvolvido por pesquisadores brasileiros.
Atualmente, cerca de 18% dos corações são descartados no Brasil por ultrapassarem o prazo de validade. Daniel Mota, professor da Universidade de São Paulo (USP), destaca a crítica natureza dos prazos no transporte de órgãos. “Ao contrário do transporte de cargas e pessoas, onde os prazos são previamente definidos, no transporte de órgãos, o tempo é extremamente crítico”, explica Mota, professor do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP.
Diante desse desafio, a Escola Politécnica e o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas FMUSP (InCor) desenvolveram algoritmos matemáticos integrados em um aplicativo para auxiliar médicos a aplicar técnicas de engenharia na medicina. O tempo para captação e entrega de órgãos é crucial e, sem agilidade, o transplante pode não ocorrer, conforme destaca o Jornal da USP.
Ronaldo Honorato, cirurgião cardiovascular do InCor, ressalta a importância do tempo no transporte de corações, que têm apenas quatro horas para serem transportados e implantados. “O deslocamento da equipe, a chegada ao hospital e o procedimento de transplante do coração são etapas que se aproximam do prazo limite”, afirma Honorato, cirurgião cardiovascular do Núcleo de Transplantes do InCor.
Além disso, Honorato esclarece que se o órgão exceder o tempo tolerado sem oxigênio e sangue, pode sofrer disfunção, comprometendo sua funcionalidade pós-cirurgia. Assim, é vital conhecer as rotas entre doadores e receptores, e calcular o tempo entre aeroportos e hospitais para evitar exceder o tempo máximo permitido fora do corpo.
Como Funciona o Algoritmo
O algoritmo desenvolvido pela Escola Politécnica e o Instituto do Coração busca antecipar as possíveis adversidades no transporte de órgãos. A tecnologia considera, por exemplo, se o aeroporto mais próximo opera durante a noite, o que pode impedir a chegada do órgão no tempo necessário, e sugere rotas mais rápidas, se necessário.
No entanto, a logística do transplante de coração não se limita apenas ao transporte, mas engloba todas as etapas do processo. Segundo o professor Mota, isso inclui a disponibilidade de instrumentos cirúrgicos, a alocação de profissionais nos horários corretos, a reserva da sala de cirurgia e a disponibilidade de diferentes modais de transporte.
O algoritmo também leva em conta as várias opções de transporte. Às vezes, o transporte rodoviário não é viável, e o transporte aéreo é necessário. O algoritmo, portanto, auxilia na busca por diferentes modais de transporte, garantindo que os órgãos sejam entregues da maneira mais rápida e segura possível.
Conclusão
O transporte de órgãos é uma operação crítica que exige precisão e rapidez. O novo algoritmo desenvolvido por pesquisadores brasileiros promete ser uma ferramenta valiosa na otimização da logística envolvida no transporte de órgãos, ajudando a salvar mais vidas e a solidificar ainda mais a reputação do Brasil como líder mundial em transplantes de órgãos.
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