O Destino dos Dados Digitais Após a Morte: Um Novo Desafio na Era Hiperconectada

O Futuro Digital Pós-Morte: O que Acontece com os Dados na Web Quando Alguém Falece?

Por Isabela Justo | 06/02/2024 | 6 Minutos de leitura

Pensar na morte é uma conversa que a maioria prefere evitar, pois não é exatamente o tópico mais animador para se discutir durante um café. No entanto, em uma era hiperconectada, onde os bits e bytes têm um valor cada vez maior, é fundamental considerar o que acontecerá com nossos dados digitais após nossa partida. Assim como planejamos o destino de nossos bens materiais para minimizar possíveis contratempos para nossos entes queridos, incluir nossos preciosos dados digitais nessa equação deveria ser o novo normal.

Em 2020, nos Estados Unidos, um homem teve que travar uma batalha legal contra a Apple durante meses para recuperar as fotos de família de sua esposa assassinada. Isso destacou a importância de entender o que acontece com nossos dados após a morte. Facebook, Instagram, WhatsApp, e-mails e contas em bancos digitais são apenas alguns dos fragmentos de nossa vida online que continuam a existir após nossa partida, tornando essencial a consideração desse aspecto. Apesar de ser uma questão delicada e sem diretrizes legais claras, é possível tomar algumas medidas para garantir a gestão adequada de nossos dados digitais após a morte.

 

A Questão da Propriedade de Dados Digitais

Em muitas plataformas de mídia social, é possível encerrar a conta de uma pessoa falecida. No entanto, a questão sobre se os dados realmente desaparecem permanece em aberto. Os acordos de termos e condições geralmente definem a coleta e o uso de informações, mas quando alguém morre, muitas das grandes empresas de tecnologia continuam a deter a posse dos dados pessoais e podem até mesmo repassá-los a terceiros.

Por exemplo, o Google não possui mecanismos para determinar se informações específicas pertencem a uma pessoa falecida, o que pode resultar na retenção indefinida desses dados. Mesmo se um pedido for feito para excluir esses dados, eles ainda podem existir nos servidores de backup. Essa mesma situação se aplica a outras plataformas de mídia social. Além disso, surgem problemas relacionados a dados comprados, já que o sistema jurídico não acompanhou adequadamente os avanços tecnológicos, criando uma zona cinzenta em relação às informações póstumas.

 

Como Evitar Problemas com Dados de Pessoas Falecidas

Diante desse cenário desafiador, é fundamental se preparar antecipadamente para evitar confrontos e garantir que os dados de uma pessoa falecida sejam tratados de acordo com seus desejos. Abaixo, destacamos sete dicas essenciais para lidar com essa questão:

 

1. Utilize o Gerenciador de Contas Inativas do Google:

  • Esse recurso notifica alguém de confiança quando sua conta fica inativa por um determinado período, permitindo que medidas apropriadas sejam tomadas.

 

2. Inclua a Propriedade Digital em Seu Testamento:

  • Nomeie um executor de confiança que garantirá que seus desejos em relação aos seus dados digitais sejam cumpridos. Isso pode ser feito através de disposições específicas em seu testamento.

 

3. Compartilhe Senhas com Pessoas de Confiança:

  • Permita que indivíduos de confiança tenham acesso às suas senhas, de modo que eles possam encerrar contas ou recuperar dados preciosos quando necessário. No entanto, não é recomendável escrever essas senhas no testamento, a fim de evitar torná-las publicamente visíveis.

 

 

4. Reflita Antes de Compartilhar:

  • Antes de compartilhar informações nas redes sociais e plataformas digitais, reflita sobre a natureza desses dados e o impacto que podem ter após sua morte.

 

5. Nomeie um "Contato de Legado" no Facebook:

  • No Facebook, é possível designar um "contato de legado" que terá a autoridade para gerenciar sua conta após sua morte, de acordo com suas preferências.

 

6. Invista em um Gerenciador de Criptografia:

  • Caso haja dados que você deseja manter estritamente confidenciais após sua morte, a criptografia com um gerenciador de arquivos é uma opção. Isso garantirá que ninguém possa acessá-los sem sua permissão.

 

7. Evite Manter Informações Confidenciais em Plataformas de Terceiros:

  • Evite armazenar informações altamente confidenciais em plataformas de terceiros, como redes sociais e serviços de nuvem. Muitas dessas empresas podem monitorar e coletar seus dados, o que pode resultar em complicações após sua morte.

 

Conclusão

Na era digital, onde nossas vidas estão cada vez mais interligadas com a tecnologia, é crucial pensar sobre o destino de nossos dados após a morte. A falta de diretrizes legais claras e o rápido avanço da tecnologia tornam essa questão um desafio, mas com um planejamento adequado, é possível garantir que nossos dados sejam tratados de acordo com nossos desejos e evitar confrontos desagradáveis para nossos entes queridos. Portanto, adotar as medidas mencionadas acima pode ser a chave para proteger nossos preciosos dados digitais e deixar um legado digital de forma consciente e responsável.

 

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