A Revolução Digital do INSS: Entre Avanços e Desafios

Como a Automação Está Transformando a Tramitação dos Pedidos de Aposentadoria no Brasil

Por Isabela Justo | 14/08/2023 | 4 Minutos de leitura

A Automação do INSS: Benefícios e Desafios em um Brasil Digitalizado

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está passando por transformações significativas na maneira como processa seus pedidos de aposentadoria. A tecnologia tem desempenhado um papel fundamental nesse cenário, mas essa inovação não está isenta de críticas e desafios.

Ascensão da Automação no INSS

O processo de digitalização do INSS teve início em 2017 com a introdução do aplicativo Central de Serviços. Evoluindo rapidamente, o sistema transformou-se no MeuINSS, que se tornou o principal canal de atendimento para solicitações de aposentadoria.

Ailton Nunes, diretor de tecnologia de informação do INSS, esclarece: “Antes, a verificação era feita manualmente com pilhas de papéis. Agora, com a integração de diversas plataformas, utilizamos o CPF como identificador único para consolidar informações dos contribuintes.”

De fato, a automação permite que os pedidos sejam processados em segundos, desde que todos os dados e contribuições necessárias estejam em conformidade com a legislação.

Desafios da Digitalização

No entanto, a adoção da tecnologia não foi uniformemente bem-sucedida. A automação rigorosa tem rejeitado solicitações por pequenas inconsistências ou falta de documentos. Essa postura rígida levou a um aumento nos pedidos de revisão, com uma estimativa preocupante de 1,7 milhão de pessoas esperando na fila de aposentadoria e 7,6 milhões aguardando a análise de tarefas pendentes.

Adriana Abramante, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), argumenta que “antes de rejeitar um pedido, o sistema deveria sinalizar o erro e permitir a intervenção humana para revisão. Dos pedidos negados, talvez uma boa parte pudesse ser corrigida com uma simples verificação por um servidor.”

Outra preocupação emergente é o analfabetismo digital, especialmente entre os idosos. Com a centralização de pedidos no MeuINSS e a necessidade de digitalização de documentos, muitos encontram barreiras para solicitar seus direitos. "O público que busca esses benefícios, muitas vezes, não está familiarizado com as tecnologias digitais. Isso cria uma desconexão entre os serviços e a realidade do usuário", observa Abramante.

Necessidade de Servidores Humanos

Embora a digitalização seja uma tendência inegável, a falta de servidores humanos no INSS ainda é uma questão crítica. Nunes concorda, afirmando: “A tecnologia simplifica o processo, mas ainda necessitamos de pessoal para lidar com situações mais complexas.”

Além disso, a própria infraestrutura tecnológica apresenta problemas, com frequentes instabilidades nos sistemas. No entanto, o INSS garante que está investindo em melhorias para oferecer um serviço mais robusto e confiável.

Conclusão:

O INSS ressalta seu compromisso em investir na infraestrutura para modernizar os sistemas. Ainda assim, a integração equilibrada entre tecnologia e humanização torna-se fundamental para garantir que todos os cidadãos tenham acesso justo e eficaz aos benefícios da aposentadoria.

Foto do Autor

Escrito por:

Isabela Justo


Você pode ser interessar também