O que está acontecendo?
Mais de oito mil autores, incluindo nomes renomados como Margaret Atwood e Dan Brown, solicitam pagamento por parte de empresas de inteligência artificial (IA) generativa que utilizam suas obras para treinar bots.
Esse grupo expressivo de escritores, que está processando empresas de tecnologia, também inclui Michael Chabon, Jonathan Franzen, James Patterson, Jodi Picoult e Philip Pullman. Em uma carta aberta divulgada pelo Authors Guild na terça-feira (18), os autores acusam as empresas de IA de lucrarem excessiva e indevidamente a partir de suas obras.
"Milhões de livros, artigos, ensaios e poesias protegidos por direitos autorais 'alimentam' os sistemas de IA, fornecendo um suprimento incessante para o qual não existe cobrança. Vocês estão investindo bilhões de dólares no desenvolvimento da tecnologia de IA. Isso só será justo se nos compensarem pelo uso de nossos materiais que, sem os quais, a IA poderia ser trivial e extremamente limitada", afirmaram os escritores na carta aberta do Authors Guild.
Qual foi a resposta das grandes empresas de tecnologia?
A carta foi encaminhada aos CEOs de OpenAI, Meta, Google, Stability AI, IBM e Microsoft. A maioria dessas empresas optou por não comentar sobre a situação.
IA e a questão dos direitos autorais
Recentemente, a indústria tecnológica tem se concentrado no desenvolvimento de ferramentas de IA que conseguem produzir imagens atraentes e conteúdos escritos em resposta aos comandos dos usuários.
Essas ferramentas são fundamentadas em modelos linguísticos de grande escala, treinados em extensas bases de dados on-line. No entanto, tem havido uma pressão crescente sobre as empresas de tecnologia por supostas violações dos direitos intelectuais no processo de treinamento desses bots.
Neste mês, a comediante Sarah Silverman e dois autores iniciaram um processo legal sobre direitos autorais contra OpenAI e Meta. Além disso, uma ação coletiva acusou o Google de "roubar tudo que já foi criado e compartilhado na internet por centenas de milhões de americanos", incluindo conteúdos protegidos por direitos autorais. O Google respondeu alegando que o processo é infundado, pois tem usado dados públicos para treinar seus algoritmos há anos. OpenAI não se pronunciou sobre a ação.
Detalhes do pedido Além da compensação "pelo uso passado e atual de nossos trabalhos em programas de IA generativa", os autores signatários da carta reivindicam que as empresas solicitem permissão para usar material protegido por direitos autorais. Eles também exigem que sejam remunerados quando suas obras aparecerem em destaque nos resultados das ferramentas de IA.
"A grande comercialização do uso de nosso trabalho argumenta contra a ideia de uso justo", afirmam os autores.
Em maio, Sam Altman, CEO da OpenAI, reconheceu a necessidade de ações mais efetivas para resolver as preocupações dos criadores sobre como os sistemas de IA estão utilizando suas obras. "Estamos tentando desenvolver novos modelos onde, se um sistema de IA está usando seu conteúdo ou seu estilo, você seja remunerado por isso", afirmou ele em um evento recente.
O conflito ressalta a necessidade de uma reavaliação das leis de propriedade intelectual no contexto da IA. O uso de materiais protegidos por direitos autorais para treinar algoritmos tem sido uma prática comum na indústria de tecnologia, mas o aumento da sofisticação da IA, combinado com o seu uso cada vez mais amplo, está levando a novas questões éticas e legais.
A controvérsia atual sugere que as empresas de tecnologia podem precisar considerar novos modelos de negócios e acordos de licenciamento para garantir que os criadores sejam devidamente compensados quando suas obras são usadas para treinar algoritmos de IA.
Este movimento do Authors Guild pode representar um marco significativo na forma como as obras protegidas por direitos autorais são utilizadas no ambiente digital. A pressão por parte dos autores pode levar a mudanças significativas na indústria da IA, afetando tanto a prática quanto a regulamentação.
Resumindo:
Os debates sobre o uso ético de conteúdos protegidos para treinamento de IA estão apenas começando. É provável que vejamos mais discussões sobre a compensação adequada para os autores cujas obras estão sendo usadas para alimentar a evolução da tecnologia de IA. Além disso, poderão surgir novas formas de parceria entre os setores de tecnologia e criativo, oferecendo oportunidades para que ambos se beneficiem do desenvolvimento e utilização da IA.
A situação atual é um lembrete de que, à medida que a tecnologia avança, devemos estar prontos para adaptar nossas estruturas legais e éticas para refletir as novas realidades. A interação entre IA e direitos autorais é um exemplo perfeito de como esses desafios podem ser complexos e multifacetados, exigindo uma abordagem ponderada e equilibrada.
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