Neurociência: Estudo de Minicérebros no Espaço para o Tratamento de Doenças Neurológicas

Um Estudo Inovador Utilizando a Microgravidade para Modelagem de Doenças Neurológicas

Por Isabela Justo | 04/08/2023 | 4 Minutos de leitura

Pioneirismo e inovação são marcas registradas da startup de biotecnologia Axonis, que promete revolucionar a compreensão e tratamento de distúrbios neurológicos. A empresa tem planos ambiciosos de utilizar a Estação Espacial Internacional (ISS) como laboratório para o estudo e desenvolvimento de minicérebros, contribuindo para a modelagem de doenças e a criação de novas terapias.

A equipe de pesquisa da Axonis está empenhada em entender como a microgravidade influencia a maturação de células do cérebro humano. Utilizando células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs) convertidas em neurônios, micróglia e astrócitos, a equipe planeja enviar essas culturas celulares para o laboratório em órbita na ISS. Lá, espera-se que essas variadas células cerebrais se unam para formar esferoides tridimensionais - os minicérebros.

Esses minicérebros ou esferoides funcionam como modelos em miniatura do cérebro humano, o que proporcionará um recurso inestimável para estudos de modelagem de doenças e experimentação de novos medicamentos. De acordo com Shane Hegarty, cientista-chefe da Axonis, essa abordagem tridimensional é inovadora na pesquisa cerebral. Essas estruturas se diferenciam dos organoides (células que crescem até formarem um órgão) pois são formadas por diversos tipos de células cerebrais, resultando em uma estrutura mais madura e completa.

Hegarty também destaca a potencial personalização desses minicérebros. As células da pele do próprio paciente podem ser usadas para criar os esferoides, permitindo modelos de estudo altamente personalizados e tratamentos específicos para cada indivíduo.

Além de ajudar a avançar as terapias para distúrbios neurológicos, os minicérebros podem contribuir para acelerar o processo de aprovação de medicamentos. Ao utilizar esses modelos, o estudo permite a simulação de doenças humanas, superando a barreira dos modelos em roedores.

Um aspecto adicional do estudo será avaliar como uma terapia genética específica interage com as células dentro dos esferoides. Para isso, a equipe utilizará uma proteína fluorescente, que emite um brilho verde quando é absorvida pelas células. Isso servirá como um indicador visual para avaliar a eficácia da terapia na localização de neurônios específicos.

Com o lançamento da missão agendado para o dia 1º de agosto, às 21h30, horário de Brasília, o estudo promete ser um marco na pesquisa neurológica. A missão contará com mais de 20 cargas úteis patrocinadas pelo Laboratório Nacional da ISS. Com essas conquistas, esperamos estar a um passo mais perto de oferecer tratamentos mais eficientes para milhões de pessoas que sofrem de distúrbios neurológicos em todo o mundo.

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